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UM LIVRO E UM FILME INDISPENSÁVEIS PARA PENSAR O BRASIL: "AINDA ESTOU AQUI".

Entrará em cartaz no dia 7 de novembro, e está à venda o livro que lhe deu origem, AINDA ESTOU AQUI. O filme é dirigido por Walter Salles, que dispensa elogios, e o livro tem como autor Marcelo Rubens Paiva, autor do ótimo FELIZ ANO VELHO, desta vez a contar a história da tortura e assassinato de seu pai, Rubens Paiva, pela ditadura militar de 1964, e o sofrimento e luta vividos por sua mãe, Eunice Paiva, e suas irmãs.

O livro emociona qualquer brasileiro decente - que, por decente, por certo repudia a ditadura que nestas terras se implantou em 31 de março de 1964, e perdurou até 1985. Vinte e um Anos de Chumbo, como passou a ser chamado o período trevoso do mando militar, com a cultura e a imprensa sob censura, presos por "delito de opinião", ou por mera antipatia aos ditadores, torturados e assassinados em delegacias e quartéis, o judiciário (valem as minúsculas, para lembrar a submissão ao regime, que teve poucas e honrosas exceções) castrado.

Importante lembrar que um sórdido acordo entre governos militares e opositores levou à aprovação de uma Lei de Anistia (Lei 6683, de 28 de agosto de 1979), em pleno mando do general João Batista Figueiredo, que "levou a crer" que a anistia aos chamados "crimes políticos" praticados contra o regime ditatorial também se estenderia aos crimes cometidos pela ditadura contra seus opositores. Dizemos que "levou a crer", porque o texto da lei não permite tal interpretação, extraída da palavra "conexos", que tem tanto a ver com o resto dela quanto Pilatos com o Credo.

Em nossa vizinha Argentina, o Judiciário, e mesmo o Executivo sob a presidência de Alfonsin, agiram com a dignidade e a coragem cívica que faltaram aos governantes brasileiros e ao judiciário daqui. Lá, os ditadores (mesmo os travestidos de Presidentes da República) foram processados, julgados e condenados. E seus esbirros, também.

Faltou-nos Justiça.

Mas não esqueceremos. E nem perdoaremos.

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